Jovem conta detalhes de sua vida durante a dependência e depois de superar a cocaína

Acordar com o olho roxo sem lembrar de nenhum acontecimento da noite anterior. Esse momento foi o ponto de virada de Lauren Windle, que atualmente tem 29 anos, e começou a fazer uso de cocaína aos 22. Logo após concluir a graduação em neurociência e terminar um longo relacionamento, a jovem sentia-se sem saber que direção tomar em sua vida. Foi então que ela conseguiu um emprego em que sua função era receber e divertir clientes em bares, clubes e restaurantes.

Em um depoimento detalhado ao jornal inglês The Sun, a jovem inglesa diz que era muito comum seus colegas de emprego utilizarem a cocaína para manterem-se ativos durante toda a noite nas festas onde trabalhavam. Apesar de sempre ter recusado o consumo de drogas durante a universidade, dessa vez Lauren decidiu experimentar, para matar sua curiosidade e acompanhar o ritmo dos colegas.

O primeiro uso, em março de 2011, foi aproveitando apenas um restinho da droga que havia sobrado na mesa de alguém. Ela não sentiu nenhuma diferença e então foi para a bebida. Embriagou-se a ponto de perder o funeral do pai de uma amiga no dia seguinte. Apesar de sentir-se culpada por ter faltado, ela cheirou três linhas de cocaína em uma noite da semana seguinte, o que a deixou ativa a ponto de ficar acordada até às 13 horas do dia seguinte.

“Não demorou muito para que a cocaína se tornasse minha melhor amiga – e minha pior inimiga. Eu tinha três traficantes e comecei a utilizar (a droga) quase todas as noites, ficando mais tempo nas festas do que qualquer outra pessoa”.

O vício tomou conta dela a ponto da pessoa que lhe introduziu nesse mundo dizer que ela deveria ir mais devagar. Um ano depois de começar a consumir cocaína, ela só dormia três horas por dia. A jovem gastava por mês cerca de 1000 libras, o que equivale quase cinco mil reais, só para suprir o vício. Em seu emprego, ela começou a chegar atrasada, com uma aparência pálida e bagunçada.

Seus amigos de fora do trabalho, já cientes da dependência dela, tentavam convencê-la a buscar tratamento, mas ela ria da preocupação deles. Entretanto, envergonhada de seu estilo de vida, a jovem afastou-se da família para que eles não vissem como ela estava. Em agosto de 2013, Lauren já estava tendo perda de memória, contração facial, além de dormência nos dedos das mãos e dos pés. Foi quando pela primeira vez ela se abriu com a irmã e revelou o que vinha acontecendo.

Desesperada para recomeçar a vida, Lauren pediu demissão do emprego onde tudo começou e foi para a França morar com uma amiga. Mas logo retornou ao estilo de vida anterior, afinal o vício ainda estava lá. Ela chegou a ser levada para casa sem controle de si pela amiga que vivia com ela. Tudo isso durou até abril de 2014, quando ela se olhou no espelho e viu seu olho roxo sem saber como aquilo havia acontecido.

Após pedir ajuda para sua amiga, ela aceitou a sugestão de ir para um centro de recuperação de drogas, não por acreditar que aquilo daria certo, mas pensando que aquilo renderia boas histórias para contar nos bares. Mas chegar lá e ouvir histórias parecidas com a dela, de pessoas que entraram em um ciclo destrutivo e perderam o convívio com pessoas queridas, fez com que ela chorasse e entendesse que seria ali que ela ficaria limpa.

No dia 22 de abril, quando completou quatro anos do dia em que entrou na reabilitação, Lauren postou a foto acima com a seguinte mensagem: “Quatro anos… Livre de drogas. Livre de bebida. Livre de ressaca. Livre de depressão. Livre de culpa. Livre de sangramento no nariz. Apenas livre.”

“Eles me ouviram, não me julgaram e me aceitaram quando estava completamente quebrada”, afirma a jovem sobre o centro de reabilitação. Após ficar três meses sem se drogar, ela conseguiu contar aos pais o que havia acontecido e encontrou neles apoio. Depois de seis meses estava com seus amigos, não mais nas noitadas, mas em boliches e cafés. Com o tempo passou a frequentar festas sem consumir nem mesmo bebidas alcoólicas, conforme lhe foi orientado na reabilitação.

De 2015 para cá, Lauren fez um curso de jornalismo e escreve um livro sobre suas experiências. Ela também tem liderado um programa de 16 semanas para pessoas que lutam contra o vício e ainda apresenta uma palestra (que em inglês pode ser vista aqui) onde conta 12 passos para recuperação através da perspectiva da sua história.

“Ficar limpa fez de mim uma pessoa melhor e mais forte e, por isso, serei eternamente grata”.