Instituto Akatu dá dicas para todos nos tornarmos consumidores conscientes

Você sabia que nosso planeta está em sobrecarga desde 1º de agosto? Isso significa que nos primeiros oito meses do ano a humanidade gastou uma quantidade de recursos naturais que só poderia ser consumida em doze meses. Assim, até o final de 2018 teremos consumido 70% a mais do que a Terra consegue regenerar em um ano. Diante desse problema global, quais atitudes nós devemos ter como indivíduos para promover uma mudança nesse cenário?

Responder essa pergunta tem sido parte do trabalho do Instituto Akatu, uma organização não governamental sem fins lucrativos fundada em 2001, que visa conscientizar e mobilizar a sociedade para o consumo consciente. Através de respostas de Virginia Antonioli, coordenadora de conteúdos e metodologias e de Larissa Kuroki, analista de conteúdos e metodologias, o Instituto Akatu nos ajudará ao longo dessa reportagem a repensar nossas atitudes em busca de um consumo mais consciente.

Periodicamente, uma pesquisa vem sendo realizada pela organização, visando medir o nível de consciência dos consumidores brasileiros. Para isso, a organização listou treze comportamentos considerados relevantes para indicar o grau de consciência do impacto do consumo. A partir das respostas das pessoas para cada comportamento, os 1090 brasileiros entrevistados foram classificados em conscientes, engajados, iniciantes ou indiferentes.

Na mais nova pesquisa, realizada nesse ano, o grupo de “mais conscientes” teve 4% considerados conscientes e 20% considerados engajados, totalizando 24%. No grupo de considerados “menos conscientes”, 38% foram classificados como iniciantes e outros 38% como indiferentes, totalizando 76%. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos.

Ao comparar os resultados de 2018 com a pesquisa anterior, em 2012, o Instituto Akatu notou um aumento de 6% no grupo classificado como iniciantes, que agora são 38%. “Isso demonstra que este é o momento de recrutar essas pessoas para o rol de consumidores mais conscientes”, afirma a organização.

Os comportamentos que mais tiveram adesão na pesquisa foram desligar lâmpadas e fechar torneiras. Os consumidores mais conscientes são do sexo feminino e pessoas mais velhas. A região Sul é onde está o maior número de consumidores conscientes, 7% dos que responderam à pesquisa na região, enquanto no Sudeste está o maior número de indiferentes, 49% dos entrevistados da região. O menor número de indiferentes está no Norte, 18% das pessoas responderam à pesquisa na região.

Como consumir de forma consciente?

Consumir é necessário, mas é importante ter atenção a maneira como isso é feito. “É muito importante que o consumidor reflita antes de comprar um produto, avaliando se realmente precisa dele ou se está sendo influenciado pelo impulso do momento, por seu círculo social ou campanhas de marketing”, afirma o Instituto Akatu, que dá uma dica valiosa: na dúvida sobre fazer ou não uma compra, vá para casa e após algum tempo veja se a vontade passa.

Fazer a compra de um produto que ficará esquecido na prateleira implica não apenas no gasto pessoal para adquirir isso, mas em um consumo de recursos naturais para produzir, transportar e empacotar um objeto que termina sem uso. Um exemplo: a produção de uma calça jeans convencional exige, em média, o consumo de 10.850 litros de água, segundo o Instituto Akatu. Já pensou o quanto de água você desperdiça se comprar uma calça jeans e não utilizar?

Seis pontos que devem ser levados em consideração ao fazer uma compra. (Imagem: Instituto Akatu)

Ao comprar um produto de maneira consciente, o passo seguinte é fazer o uso adequado, para que seja prolongada a vida útil do produto e você não precise rapidamente consumir novos recursos naturais na reposição do objeto. Outra forma de prolongar a vida útil dos produtos é “aderir ao comércio de segunda mão e doar itens que serão descartados, mas que ainda podem ter utilidade para outras pessoas”, conforme aponta o Instituto Akatu, que sugere ainda as feiras de trocas, onde você pode dar um produto que já não lhe serve mais e pegar outro que pode lhe ser útil.

Quando o produto não pode mais ser utilizado em sua função original é possível que existam alternativas criativas para renovar sua vida útil. “Com um pouco de criatividade, uma roupa antiga pode ser usada por mais tempo se for reformada, garrafas podem virar vasos de flores e caixas de papelão podem ser transformadas em murais de recados customizados, por exemplo”, conta o Instituto Akatu.

E quando realmente não houver jeito para o produto, busque levar em consideração sempre alguns pontos: observe as especificações de descarte de cada produto; busque separar corretamente os materiais para coleta seletiva; encontre pontos de coleta para resíduos que podem poluir a água e o solo, como pilhas, baterias e óleo de cozinha.

Uma nova mentalidade para as novas gerações

Além de pesquisar sobre o assunto e sugerir mudanças de atitude, o Instituto Akatu tem buscado aumentar a consciência das próximas gerações em relação ao consumo consciente. Para isso criou o Edukatu, “uma rede de aprendizagem que tem como objetivo incentivar a troca de conhecimentos e práticas sobre consumo consciente entre professores e alunos do Ensino Fundamental de escolas em todo o Brasil”.

A plataforma online traz materiais didáticos como vídeos, reportagens, planos de aula e jogos, auxiliando educadores a serem agentes transformadores. O Instituto Akatu avalia que ações como essa já trazem resultados, com as crianças influenciando seus pais a mudarem hábitos em seus lares, como por exemplo, fechar as torneiras.

A organização esclarece a importância de pensar já nas novas gerações: “trabalhar com a educação de crianças é mais estratégico, pois os ensinamentos corretos podem ajudá-las a começar a praticar escolhas mais sustentáveis enquanto seus hábitos comportamentais ainda estão sendo formados, ao contrário dos adultos, que já tem determinadas atitudes de consumo enraizadas em suas culturas e que demandam mais trabalho para mudá-las”.